Ele não gostava de ser chamado de “mito”. Mas era. Afinal, como chamar uma criatura que dedicou toda a sua vida e carreira ao vôo perfeito, acumulando mais de 16 mil horas de vôo e cativando mais e mais admiradores por onde passava? Como chamar um homem que será eterno modelo de idealismo e amor a uma instituição, fazendo da FAB seu lar e sua família? Qual o adjetivo correto para dar ao piloto que se integra à sua aeronave como se já houvesse nascido com asas unidas às suas veias e coração? Sim, o Braga era uma lenda.
Nascido no dia 3 de Fevereiro de 1932, em Cruzeiro-SP, mas tornou-se um carioca de coração. Ingressou na EPCAR em 1950 e já em Dezembro de 1955 foi declarado aspirante. Acompanhou encantado, ainda como cadete no Campo dos Afonsos, o nascimento da Esquadrilha da Fumaça. Nela ingressou em 1959 e permaneceu por 17 anos, dos quais 12 em seu comando, tendo realizado mais de 1000 demonstrações sem sofrer um único acidente. Um marco inigualável. Sob seu comando, a Esquadrilha viveu sua fase áurea, com viagens internacionais e por todo o Brasil, simbolizando o cartão de visitas da FAB.
Todo este sucesso foi compartilhado com um grande amigo, de nome curioso: T-6. Braga disse, certa vez, que “o T-6 é o avião da minha vida, ou melhor, é minha própria vida”. Não havia dúvidas. Com mais de 8 mil horas de vôo apenas neste avião, tornou-se recordista mundial. Sua integração era tanta que os próprios colegas costumavam dizer que, quando ele saía da nacele, o avião ficava fora de vôo por falta de peça.
Tamanha admiração resultou num presente muito especial: no final da década de 70, com o encerramento de sua carreira à frente da Fumaça, seus amigos se cotizaram e deram-no um T-6, com a matrícula PT-TRB (“Toninho do Rio do Braço”). Com ele, Braga pôde dar continuidade ao seu sonho. O outrora cadete encantado mudara de lado, e passara a encantar novos jovens, novas gerações, com a arte de seu vôo e a música do T-6.
Mas hoje o TRB repousa solitário sob aqueles mesmos hangares de 50 anos atrás. Falta-lhe a peça principal. Braga foi chamado para liderar uma esquadrilha muito especial, ao lado dos amigos Bertelli, Portugal Motta, Dumont, e outros mais. Sua primeira exibição estava marcada para o dia 8 de Dezembro de 2003.
Até hoje , o ” chefe” como era carinhosamente chamado por todos que o rodeavam , é uma figura respeitada e admirada e merece ser lembrada sempre pelos seus feitos não só pela FAB mas como também pela aviação geral!!
Texto por:
Ricardo Hussne Danieli