CIVA Meeting

CIVA Meeting

A mais recente edição das reuniões plenárias da CIVA (Comission Internationale de Voltige Aerienne) aconteceu em Aix-en-Provence, no sul da França, nos dias 4 e 5 de Novembro.

A ACRO mais uma vez esteve presente e representou o Brasil na reunião. Dessa vez, um maior número de delegações esteve presente: 58.

Delegação Brasileira na Reunião CIVA

Delegação Brasileira na Reunião CIVA

Como de costume, a recepção às delegações foi feita através de um jantar de gala na sexta-feira, no restaurante do próprio hotel onde se daria a reunião. O hotel escolhido foi o Best Western Le Galîce, um dos melhores da região.

Sem dúvida nenhuma o jantar é um momento importante para as delegações se conhecerem melhor, discutirem acerca da acrobacia e trocarem experiências, visto que os países presentes enfrentam situações diferentes no que se refere à aviação e regulamentação.

No dia seguinte, sábado, deu-se início à reunião. O Presidente da Comissão, Nick Buckenham iniciou-a com uma breve leitura da pauta e passou rapidamente pelos tópicos que seriam abordados nos dois dias. Primeiramente, como de praxe, as delegações presentes foram anunciadas, assim como as minutas da reunião anterior foram apresentadas para aprovação e logo após foi feito um minuto de silêncio em memória aos aviadores falecidos desde a última reunião.

  • Alfred “Fred” Korman, SUI, 12/2016
  • Jiří “Sally” Saller, CZE, 2/2017
  • Margo Chase, USA, 7/2017
  • Miroslav Porubčan, SVK, 9/2017

A continuação se deu através da apresentação dos relatórios do Presidente Nick Buckenham e do representante da FAI, Visa-Matti Leinikki, Gerente de TI da Federação.

Visa-Matti apresentando as propostas da FAI

Visa-Matti apresentando as propostas da FAI

O CIVA Working Group também apresentou seus relatórios acerca dos métodos de avaliação inseridos nos campeonatos, planejamento estratégico e também de organização de próximas competições.

Os resultados das movimentações financeiras de 2017 foram apresentados pelo Tesoureiro da Comissão, Jürgen Leukefeld, assim como também as previsões de gastos e ganhos para o ano de 2018. Todos foram aprovados pela comissão por unanimidade.

Depois de apresentadas as finaças, como de costume, foram apresentados os relatórios das competições ocorridas ao longo do ano.

O Presidente da ACRO e Delegado Internacional, Jorge Rodrigues atento às explicações de Nick Buckenham

O Presidente da ACRO e Delegado Internacional, Jorge Rodrigues atento às explicações de Nick Buckenham

O primeiro relatório foi apresentado por Nick Buckenham, sobre o 1° FAI Formation Aerobatic Challenge (Desafio de Acrobacia em Formação) realizado em Zhengzhou, China. O intuito do evento, que foi o primeiro de sua categoria, era de avaliar as esquadrilhas e suas evoluções acrobáticas, tanto em precisão quanto em estética, para tornar as exibições relativamente mais competitivas, incentivando a melhoria das mesmas. Porém, no momento da realização do evento, a Federação Chinesa de Esportes Aéreos proibiu quaisquer competições acrobáticas, frustrando todos os presentes, tanto competidores e julgadores, quanto o público que prestigiou o evento, que era de aproximadamente 30 mil espectadores. O evento continuou, mesmo sem o caráter inicial, apenas para honrar a ida de 41 competidores e 37 aeronaves.

Logo mais foi apresentado o relatório do 5º Campeonato Mundial da FAI de Yak-52 em Tula, Rússia. O campeonato teve alguns problemas técnicos, na maior parte em relação ao mau tempo, mas correu de maneira normal.

Apresentou-se em seguida o relatório dos Jogos Aéreos Mundiais de Wroclaw, Polônia, seguidos dos relatórios do 20º Campeonato Mundial de Planadores e o 8º Campeonato Mundial Avançado de Planadores em Torun, Polônia, o 10º Campeonato Europeu de Acrobacia Avançada em Chotěboř, República Checa e também o 29º Campeonato Mundial de Acrobacia Aérea em Malelane, África do Sul.

Este último campeonato, de Malelane, teve um de seus relatórios rejeitado pela CIVA. Não houve concordância da Comissão com as deliberações do Presidente do Júri Internacional, Alan Cassidy.

Depois de mostrados os relatórios e discutidos os conteúdos de cada um, foi apresentada uma revisão dos métodos de avaliação dos competidores nos campeonatos, a fim de tornar o julgamento mais justo, rápido e preciso, visto que a intenção também é apresentar os resultados em tempo real para o público presente, sem necessidade de alteração posterior, confundindo os espectadores.

O Vice-Presidente da CIVA, Cástor Fantoba apresentou também uma proposta para que times privados e comerciais pudessem ser aceitos nas competições da FAI, porém ela foi apresentada ligeiramente próxima da reunião e não pôde ser discutida previamente, ficando como um tópico a ser discutido pelo grupo de apoio da CIVA e divulgado posteriormente, sendo previsto para ser discutido na próxima reunião plenária.

Em seguida, um dos momentos mais aguardados da reunião. Foram apresentadas propostas de mudanças às regras gerais, votação de sequências acrobáticas da categoria Power e Glider. Segue abaixo o resultado das votações:

  • Proposta NP#2018-5 (Rússia) – Aprovada
  • Proposta NP#2018-2 (França) – Rejeitada
  • Proposta NP#2018-4 (Noruega) – Aprovada
  • Proposta NP#2018-3 (Alemanha) – Aprovada

Figuras da sequência Free Known:

  • Power Unlimited Free Known Programme
    Proposta 1 selecionada
  • Power Advanced Free Known Programme
    Proposta 4 selecionada
  • Yak 52 and Intermediate Free Known Programme
    Proposta 1 selecionada
  • Advanced Glider Free Known Programme
    Proposta 3 selecionada
  • Unlimited Glider Free Known Programme
    Proposta 2 selecionada

Algumas outras propostas relacionadas à segurança de voo foram apresentadas pelo Presidente, que também foram votadas pelas delegações. Maiores informações e relatórios detalhados podem ser encontrados no próprio site da CIVA, neste endereço.

Dispositivo para votação

Dispositivo para votação

Foram definidas também as localidades e datas das próximas competições acrobáticas:

  • 13th FAI World Advanced Aerobatic Championships 2018 (Strejnic, Romania)
    de 16 a 26 de Agosto de 2018
  • 21st FAI World Glider Aerobatic Championships e 9th FAI World Advanced
    Glider Aerobatic Championships 2018 (Zbraslavice, Czech Republic)
    de 2 a 12 de Agosto de 2018
  • 22nd FAI World Glider Aerobatic Championships e 10th World Advanced Glider
    Aerobatic Championships 2019 (Deva, Romania)
    de 18 a 28 de Julho de 2019
  • 21st FAI European Championships
    de 8 a 15 de Setembro de 2018
  • 30th FAI World Aerobatic Championship (Chateauroux, France)
    de 22 a 31 de Agosto de 2018
  • 23rd FAI World Glider Aerobatic Championships e 11th FAI World Advanced Glider Aerobatic Championships
    de 27 de Julho de 2020 a 9 de Agosto de 2020
  • 3rd Sky Grand Prix (Beirut, Lebanon)
    de 30 de Junho a 1 de Julho de 2018

Algumas mudanças na lista internacional de Juízes também foram feitas.

Prêmios e medalhas foram concedidos às seguintes personalidades:

  • Jerzy Makula – Championship Organiser of the Year Trophy for 2017
  • Madelyne Delcroix – Leon Biancotto Diploma
Madelyne Lacroix discursando após receber o Diploma Leon Biancotto

Madelyne Delcroix discursando após receber o Diploma Leon Biancotto

O troféu Strössenreuther foi perdido em uma das passagens que teve pelos Estados Unidos. A CIVA aprovou a confecção de um novo troféu, idêntico ao original, feito pelo mesmo artista, financiado pelo próprio país supracitado, a fim de reiniciar a tradição.

O delegado da República Checa Vladimir Machula também apresentou um outro troféu para os campeões de Campeonatos Acrobáticos Mundiais da categoria Avançada: Ivan Tuček Floating Trophy, doação do Aeroclube Checo à CIVA, com diversas miniaturas.

No final da reunião foi feita a eleição para a CIVA de 2018, assim como também os oficiais de cada campeonato a ser realizado. A lista completa pode ser vista no site da CIVA.

Foi decidido também o local e data da próxima reunião plenária da CIVA:

Varsóvia, Polônia (10 e 11 de Novembro de 2018).

Após o termino da reunião, o Vice-Presidente da ACRO e Delegado Alternado Murilo Rovina Ferreira foi convidado pelo Capitão da EVAA e Delegado Alternado da França para conhecer a Base Aérea de Salon-de-Provence. A Base Aérea é casa da Patrouille de France e da EVAA. A visita foi feita em companhia do Ex-Presidente e atualmente Presidente de Honra da CIVA, James M. K. Black.

Fouga Magister na Base Aérea de Salon-de-Provence

Fouga Magister na Base Aérea de Salon-de-Provence

Apesar de estar claro, o céu contava com algumas nuvens que encobriam a região do sul da França, acompanhadas de fortes ventos que impediram as atividades aéreas naquele dia. Mesmo assim, o passeio continuou a ser feito, com o guia Pierre mostrando a base e suas dependências, o hangar da Patrouille de France e as instalações antigas e atuais da EVAA.

Base Aérea de Salon-de-Provence

Base Aérea de Salon-de-Provence

Base Aérea de Salon-de-Provence

Base Aérea de Salon-de-Provence

Antigo Hangar da EVAA

Antigo Hangar da EVAA

Pierre mostrou o hangar da EVAA, o seu escritório, as aeronaves e apresentou o pessoal de apoio da EVAA.

Escritório do Pierre Varloteaux

Escritório do Pierre Varloteaux

Interior do Hangar da EVAA

Interior do Hangar da EVAA

Murilo Rovina e Pierre Varloteaux

Murilo Rovina e Pierre Varloteaux

O Capitão Pierre recebeu de presente alguns adesivos da ACRO, como lembrança da visita. A ACRO também foi presenteada com adesivos da EVAA. Pierre fez questão de fotografar o adesivo recebido em um dos Extras 330LX da esquadrilha.

Pierre Varloteaux com o adesivo da ACRO que ganhou de Murilo Rovina

Pierre Varloteaux com o adesivo da ACRO que ganhou de Murilo Rovina

Pierre mostrando o adesivo da ACRO que ganhou

Pierre mostrando o adesivo da ACRO que ganhou

Extra 330LX da EVAA

Extra 330LX da EVAA

Extra 330LX da EVAA

Extra 330LX da EVAA

Extra 330LX da EVAA

Extra 330LX da EVAA

Depois do passeio pela Base Aérea, Pierre levou os dois visitantes para conhecer a cidade e seus arredores. James Black contou também que fez parte de uma das atrações do primeiro show aéreo internacional realizado no Brasil, em 1973 na cidade de São José dos Campos. Ele se apresentou com um Pitts Special.

Fazendo um balanço da reunião e do passeio pela França, pôde-se perceber que o Brasil continua com muito caminho a trilhar. Há muito potencial e oportunidade para o Brasil se consagrar nos campeonatos internacionais e até mesmo em outros eventos que envolvam acrobacias aéreas. O que falta em nosso país é união e incentivo à prática do esporte, bem como o próprio conhecimento acerca dele.

Essa foi a segunda reunião plenária da CIVA que o Brasil esteve presente, também a segunda da nova diretoria. Todos os conhecimentos e contatos adquiridos nela são passados aos associados e membros da ACRO, assim como qualquer acrobata brasileiro que tiver interesse e quiser entrar em contato com a ACRO. As matérias contém os tópicos mais importantes do encontro e no site da CIVA pode-se acessar as minutas e documentos completos acerca da mesma.

O que o Brasil precisa é de mais informação sobre a acrobacia em sua totalidade, a segurança e padronização existentes. Desde os patrocinadores até os praticantes. Existe toda uma filosofia por trás de um simples campeonato, regras constantemente revisadas e métodos de avaliação cada vez mais precisos para tornar a prática o mais profissional possível.

Infelizmente, como conversado com os próprios competidores e juízes presentes na reunião, muitos competidores (de diversas nacionalidades) vão aos campeonatos sem sequer saberem ler e interpretar o Aresti corretamente, ou até mesmo sem conhecer o Sporting Code. Treinam acrobacias por vídeos na internet ou sem acompanhamento algum de um profissional experiente e acabam colocando em dúvida o esporte perante a possíveis patrocinadores e novos adeptos.

Cabe a nós, praticantes do esporte, conhecermos todas as regras e nos mantermos atualizados para aprimorar o nosso esporte e conseguir figurar entre os melhores, nacional ou internacionalmente. É um trabalho ostensivo e gradual, não visa melhoria imediata e em grande escala, mas é para encaminhar as novas gerações já com pensamentos diferenciados e sempre em prol da acrobacia aérea como um todo.

Embora os pilotos estejam sempre solitários em suas aeronaves, o esporte não tem nada de individual. A prática precisa ser disseminada com muita segurança, boa execução e companheirismo. Caminhando juntos, podemos elevar a acrobacia a um nível jamais visto aqui. Podemos sempre nos espelhar em outras pátrias onde isso dá certo: Estados Unidos, França, Alemanha, Rússia, etc. Não basta apenas fazermos discursos, basta agirmos! Todos nós podemos estar “lá em cima”!

Mas isso é assunto para uma outra matéria futura!

Continuem acompanhando a ACRO.

Por Murilo Rovina Ferreira

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